domingo, 20 de junho de 2010

CONSTRUÇÃO DA CAPELA DE SÃO JUDAS TADEU NO SÍTIO BOQUEIRÃO

Contaram-me os últimos remanescentes da Fazenda João Leandro que a nora dele, de nome Astrês , natural de Pernambuco, professora de alto nível muito devota de São Judas Tadeu, que passou por muitas provações e sempre foi vencedora . Ouve muitas coincidências na sua vida. Apesar de não saber a origem do seu nome, Astrês, mas se sabe que ela teve cinco filhos em duas gestações: uma de três e outra de dois.

Lecionou em vários colégios do Crato, até no Seminário São José.

Teve uma infância muita agitada, sendo preciso até se afastar de sua terra natal.

Deu assistência social aos moradores de seu sogro, prestando vários serviços.

No fim dos anos 60 do século passado resolveu construir uma capela e,em frente, uma praça e lotear uma área de terra, para assentar as 30 famílias, ainda existentes na fazenda. E pela ironia do destino não chegou a terminar a construção, deixando

aos cuidados deste grande santo da sua devoção, São Judas, que nos anos 70 foi dada por terminada. Não chegou nem a legalizar o terreno, mas mesmo assim é bem assistida por dezenas de devoto, que não se cansam de venerá-lo.

É bem visível a saudade dos seus contemporâneos, como Acilon Santana, que era maquinista e químico dos maquinários da fazenda, sua esposa Vilanir, Auzenir e a caçula, sua afilhada, Francinete, vulgo Nete.

Eu que era visinho do lado leste, ainda presenciei vários acontecimentos desse grande complexo industrial e fazenda que funcionou nos anos 40 e 50.

E a senhora tenha a certeza que a sua semente foi jogada em terra fértil, só o tempo vai dizer, pois, o tempo passa, mas as boas intenções não passarão.

Edval Cirilo

segunda-feira, 22 de março de 2010

220310 - PEQUENA CRÕNICA

No dia 25 de dezembro de 1983 toma posse o décimo segundo vigário da Ponta da Serra, o padre João Bosco Cartaxo Esmeraldo. Um homem com 42 anos, que resolveu renunciar a um dos cargos mais importantes, que era o vigário da Catedral, para assumir uma paróquia rural, que quase não tinha sido tocada pelo evangelho.

Logo o Espírito Santo percebeu sua vocação para levar o evangelho a todos os confins da Paróquia, usando o seu carisma de simplicidade, que tocou os corações de todas as pessoas sem distinção de classe ou cor. Um homem preocupado com o bem estar espiritual e também social para que todos tenham vida e vida digna.

Visitou quase todos os lares dos paroquianos e fez refeição nas casas dos mais humildes, ouvindo todas as pessoas, sem nenhuma distinção. Criou vários grupos de apostolados, corais e grupos comunitários.

Teve a inspiração para criar o Santo Dízimo, que deu mais oportunidade para formar centenas de jovens para expandir os ensinamentos do Evangelho, em todas as comunidades e edificou mais de 27 novas capelas, dando autonomia para que elas administrassem seus próprios recursos, dando mais prazer trabalhar para seus padroeiros.

Por tudo isso e muito mais receba, Monsenhor Bosco, o carinho e os parabéns de todo o povo de Ponta da Serra, o Senhor que foi pai, padre, pastor e irmão deste povo.

Obrigado, obrigado mesmo, por estes 26 anos dedicados a esta comunidade tão incompreensiva, que não soubemos aproveitar mais o belíssimo ensinamento que o Senhor nos deu, portanto, pedimos perdão por alguma ingratidão da nossa parte.

Em nome de toda comunidade, um abraço forte e os nossos parabéns mais uma vez, que Deus lhe recompense.

EDVAL CIRILO

220310 - O CLIMA DO NORDESTE

Os nossos antepassados já nos contavam que desde 1825 já se registrava período de seca quando a Floresta do Cariri ainda era virgem .

Isto é um fenômeno característico do Nordeste, que por mais que a Ciência queira encontrar saída não é possível a não ser o que os governantes estão fazendo nos últimos anos, investindo em recursos hídricos, como barragens , açudes, o Canal de Transposição das Águas do Rio São Francisco.

Investir em perímetros irrigados, pois é o que já está acontecendo em várias partes do Ceará. Espero que não demore a atingir o vale dos Carás, mesmo em pequena escala para não ver tanta água sendo desperdiçada.

Sou um pequeno proprietário deste vale e vejo as minhas terras ociosas, pois, não sei lidar com irrigação. Pois não adianta usar a água sem estes conhecimentos. Pois só sabemos lidar com cultura dos invernos.

Espero que os meus netos usufruam destes novos métodos que não precisem de profeta para iniciar o plantio. E sabemos que o clima não vai mudar e nem vai faltar água, pois, se não chove neste ano chove no outro.

E neste pequeno relato quero mostrar as oscilações que aconteceram em alguns anos de invernos normais.

ANO MILÍMETROS

1962 864

1990 1.119

2004 1.490

2005 770

2006 945

2007 665

2008 1.735

2009 1.313

Por isso não há motivo para desanimar, pois, sabemos que temos que conviver com isso até o fim dos tempos. Mesmo assim, obrigado por ter nascido no Cariri, onde não temos furacões nem tornados e nem teremos por enquanto.

Obrigado Deus por eu viver aqui

Edval Cirilo

quinta-feira, 11 de março de 2010

110310 - MEMÓRIAS ESQUECIDAS

Como se percebe o Brasil tem memória curta, qualquer um acontecimento mesmo importante não demora a ser esquecido.

É o caso da nossa região, quantas pessoas nos deram exemplo de solidariedade, cada um a seu modo, como; Tintino e Totonha, filho e mãe, que cuidaram de dezenas de doentes na fase terminal, naquela época. Muitas crianças se entupiam comendo jenipapo e outra comida, daí era chamado Josefa Paes para assumir esta patologia e outras com sua experiência repassadas por seus ancestrais.

João Cirilo e Antonio Mateus alimentando os famintos nos anos de seca. As duas Beatas, Rosa e Mundinha Xenofonte que prepararam centenas de crianças na catequese para uma vida mais espiritual.

Mons. Assis Feitosa, que evangelizou milhares de pessoas para o caminho da santidade.

Moisés Xenofonte, que encabeçou a construção da capela de São José.

Filomena Belisário, que escreveu e leu cartas e renovação por mais de 20 anos para todas as pessoas humildes, pois, só ela sabia ler.

Raimundo Biliu que gritou leilão dezenas de anos com sua maneira humorística que tanto agradava.

José de Chiquinha, que era sapateiro e aplicava injeção para todo mundo.

José de Terto e sua harmônica, animando os leilões e festas.

As parteiras, que faziam o papel de obstetra como Ôtinha, Totonha, Lica de Namorado, Dona Santina, Maria Mateus lá no Quati, e outras.

No cenário político, dois vereadores se destacaram: Edval Ribeiro e José Valdevino, que não mediram esforços para servir este distrito, fazendo até o impossível.

No cenário político nacional podemos citar dois imortais: Getúlio Vargas e Juscelino, e

outros personagens diversos: podemos citar o homem do século, João Paulo II, que dissolveu o comunismo, que escravizou milhares de pessoas no mundo; Madre Tereza; Irmã Dulce; Dom Elder Câmara; Madre Esmeraldo, no Crato; Zilda Arns da Pastoral da Criança e Frei Damião, que por onde passava carregava multidões.

A todos esses personagens, que deram sua contribuição social de solidariedade muito obrigado e recebam as orações deste pequeno servo de Deus.

EDVAL CIRILO.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

FORMAÇÃO DOS FILHOS NA FAMÍLIA

Desde o início da civilização que os pais procuram dar o que há de melhor para os filhos, tanto na parte social como na formação pessoal. Para isto acontecer contou com a Igreja Católica que não mediu esforço para preparar os casais, orientando com os ensinamentos dos Evangelhos direcionando na preservação da fidelidade aos dois, ensinando a viver em comunidade , partilhando os bons exemplos, obedecendo o princípios básicos para uma boa formação.

A partir do ano de 1970 chega a era moderna.,aonde as famílias perdem autoridade com os filhos. Daí foi criado leis que dá direito ao adolescente ter vontade própria e criar as suas decisões à sua maneira sem que os pais possam interferir, criando uma liberalidade sem limite, chegando até a abolir o casamento e gerando milhares de crianças que ficam quase na orfandade sem nem uma perspectiva de vida. Essas crianças , na maioria dos casos, são criadas pelos avós ou se amontoam nas creches na esperança de um dia serem adotadas.

Na minha casa não foi diferente, houve separação de um filho deixando, uma belíssima neta que não se cansa de dizer que neste episódio a vítima foi ela.

Eu imagino como vai ser o futuro desta geração! Será que os governantes não deviam criar leis que amenizassem esta situação? Já que aboliram os ensinamentos religiosos que nos deram sustentabilidade até pouco tempo. Por que não criar matéria específica nas escolas , educando os jovens para uma vida mais responsável para consigo mesmos!

Esta é uma preocupação de um idoso que está sendo vítima desta situação e não queria que ninguém vivesse esta experiência pois, e muito doloroso.

EDVAL CIRILO

sábado, 13 de fevereiro de 2010

130210 - PRECIPITAÇÃO METEOROLÓGICA

Como todos sabem o nordeste teve clima irregular desde seu princípio. Nos últimos 50 anos o homem tentou interferir criando métodos científicos para amenizar os problemas das secas, mas foi tudo em vão. Foi quando um tio meu inteligente resolveu a monitorar os invernos desde o ano de 1928 até 1962, observando e escrevendo alguns dados, mesmo sem a medição pluviométrica.

Ø 1927, o Rio Carás quase secou, não correu;

Ø 1930, irregular, a primeira chuva foi a 3 de março;

Ø 1931, foi bom;

Ø 1932, seca total;

Ø 1935, um inverno comprido de chuvas maneiras, mas todos os dias;

Ø 1936 , fraco, muitas nuvens e poucas chuvas;

Ø 1939, perca de 2/4 da safra;

Ø 1942, seco. Deu a primeira chuva a 10 de maio;

Ø 1946, a enchente maio que deu no Rio Carás a 19 de março;

Ø 1947, o maior aguaceiro,de 1932 para cá;

Ø 1953, seco, só deu algodão;

Ø 1961, choveu 687 milímetros, foi muito produtivo;

Ø 1962, de janeiro a dezembro 35 chuvas que deu 864 milímetros;

Ø 1990, choveu 1.119 milímetros

NOTA: todos estes escritos e mais outros, como o preço dos cereais e diárias de serviços e mais precipitações que não foi possível escrever, está no diário de João Cirilo e Raimundo Cirilo como também toda árvore genealógica da família. E para obter mais informações conto com dois informantes e primos; Vicente Correia da Silva e Beliza Correia do sítio Boqueirão.

Sem mais a falar, subscrevo Edval Cirilo

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

LEMBRANÇAS DA PONTA DA SERRA NO INÍCIO DOS ANOS 50

Já era um lugar acolhedor,mesmo com 40 moradias,sendo 8 casas de tijolos e 6 só a frente, as outras eram de taipa, piso batido a maio. Poucas bodegas, a de Raimundo Ribeiro,a de Antonio pires, a loja de José Joca, a fábrica de cigarro de Vicente Lima, a fábrica de queijo de Joaquim Valdevino, 2 casas de jogos de baralhos e uma escola pública até o 3º ano. Uma missa mensal celebrada em latim,2 cafés, o de Violeta e o de Mãe Velha, este era afrodisíaco o seu caldo. Um açougue de boi e outro de criação, uma casa de bilhar, uma feira de panela de barro e rosário de catolé nos dias de missa.
Três comemorações de festas religiosas, com muitos jogos caipira, rifa, bozor,baralhos iluminados com lamparina e lampião de carboreto. Estas datas eram Natal, ano novo e Santos Reis.
A devoção a São José era muito grande, principalmente nos seus festejos à 19 de março, toda comunidade se mobilizava com muita devoção.
Meio de transporte só tinha, um caminhão no dia da feira, às vezes algum que vinha de Farias Brito ou o de Pedro Paulo da fazenda Borís.
Nos anos de 1951 surge o jipe, foi quando Gessir de João Leandro e Joaquim Brasil, compraram financiado pela agricultura à preço de 26 contos de réis. Estes jipes vinham em contêiner até Campina Grande onde eram montados. Logo depois Sr. Juvêncio e Pedro Luís de D. Quintino compraram um GMC e um Ford facilitando mais as viagens até Crato.
Era de costume todas as famílias se sentarem nas calçadas à noite contando histórias e contemplando as belezas dos céus, a lua cheia às vezes cantando belas valsas, acompanhado por José de Terto, com sua harmônica e nas noites de escuro contemplando o Cruzeiro do Sul, com o seu carreirão de estrelas e as histórias de trancoso. Não havia fogão à gás, tudo era à lenha da terra de Sr. Belo e a água também, mas como era tão bom, porque se tinha temor à Deus.
Edval Cirilo

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Procurando Jesus cristo

Nesses últimos meses o Planeta Terra é castigado por vários fenômenos naturais.E as pessoas se perguntam onde estar Deus. Porque deixa tanta gente sofrer.

Como é sabido, o homem nasceu dotado de inteligência e raciocínio para distinguir o que é melhor para si. E Deus deixou a terra para ser cuidada como se fosse o seu jardim e ele não obedece e começa a desafiar a Natureza. E ainda deixou a Bíblia como se fosse uma constituição para nos orientarmos, também não obedecemos.

Se nós somos privilegiados com estes dons e a sabemos que a Natureza ou a terra tem falhas geológica por que fomos morar lá. Na Bíblia Deus cita 2 tipos de moradia: na rocha e na areia.

Há 40 anos não chovia tanto em São Paulo no mês de janeiro por que não aconteceu desastres naquela época? E por que aconteceu agora? Será que não foi desobediência a Natureza?

Quando foi descoberto o Haiti já havia terremotos, por que insistiram em ficar ? ´Por que desobedeceram? Onde Deus tem culpa

Quando terminou de dilúvio Noé pede a Deus que não acababe o mundo mais com água e ele responde : “ quem vai acabar agora é o homem”

E já começaram a acabar, devastando a Natureza, criando material radiativo contaminando e matando milhares de seres humanos, sugando petróleo do sub solo a mais de 100 anos,numa proporção incalculável , ajudando a criar mais terremotos e maremotos, aquecendo a camada de ozônio, derretendo as geleiras, poluindo os reservatórios d!água, envenenando os alimentos com agrotóxicos.

Onde está a falha de Deus? Por que não obedecemos? Será que não devemos assumir os nossos atos ao invés de culpar alguém? Pensem nisto.

Ponta da Serra, 04 de Fevereiro de 2010

EDVAL CIRILO

domingo, 31 de janeiro de 2010

A época dos coronéis

N o século XIX,até a terceira década do século XX,qualquer cidadão de boa reputação e rico , podia comprar um título de coronel.Foi quando um desses, que possuia este poder e era influente, resolveu usar seu prestígio para tomar as escrituras dos proprietários e formar um latifúndio de 8 léguas por 12, hoje a fazenda Bóris.Foi quando meu avô Cirilo Grude foi se refugiar no Amazonas, levando as escrituras de suas terras e esperar que este latifundiário perdesse o poder, que não demorou muito.
Chegando ele na Amazônia, foi acometido de cesão, retornando imediato até Fortaleza e enviou carta pedindo socorro.Só que o correio era feito à cavalo e demorou muito.
Minha avó, recebe à notícia envia 2 rapazes e 4 animais que demorou meses para chegar, no dia em que chegaram tinham sepultado Cirilo, como se fosse ontem e eles sepultaram seu colega de viagem.
Minha avó com 35 anos, assume uma grande responsabilidade 5 filhos esperando o sexto, 120 cabeças de gado, umas 300 quartas de arroz, uma boa quantia em ouro e 250 braças de terras na Palmeirinha e Lagoa Rasa.Até 1948, quando faleceu só tinha sido destruído o arroz e parte do gado.Ela se chamava Belizarina, mas para isso acontecer ela contou com o seu guia espiritual Jesus Cristo, que através de suas orações e caridade, educou seus 6 filhos dando educação religiosa, moral e de leitura pois era muito difícil professor, só particular.
Como era de costume preservar a fidelidade ao marido e mostrar esses sinais ela usou roupa preta pelo resto de sua vida, era uma saia, um cabeção e uma blusa de manga 3/4 ou comprida, sandália de rosto e echarpe na cabeça, era muito elegante e simpática.
Obrigado por ter sido minha avó e receba as minhas orações do seu neto.
Edval Cirilo

sábado, 23 de janeiro de 2010

DECLARAÇÃO DE MATRIMÔNIO

Em um belo dia do ano de 1958 às 6 horas da tarde na calçada da bodega de Raimundo Ribeiro,onde hoje é Bolena Variedades,fixei o olhar numa morena de estatura média,arribitada,cheia de rabiçaca,mas muito bonita.Senti logo algo diferente e começamos a nos flertar,a nos paquerar.Daí em diante passamos a ter pequenos contatos(namoro) que foram suficientes para se estabelecer uma amizade duradoura de identificação permanente até os anos de 1970.
No ano seguinte,isto é, em 1971,quando sentimos que a amizade(namoro) era pra valer decidimos levar a sério e nos casar.
Quero dizer que eu mesmo construí a nossa primeira morada,como também toda a mobília:da mesa de jantar ao criado mudo(ou porta penico).
O seu relacionamento, eu já sabia, era de temperamento forte.Apesar disso já convivemos há mais de 38 anos e percebo que em quase nada foi mudado neste seu temperamento. Mas isso não empatou de nos amarmos.
Prometemos no juramento que íamos partilhar as dores e as alegrias, mas isto custou muitos diálogos para acontecer. Vivemos de partilha nos afazeres domésticos,não somos escravos,não temos segredos entre nós,tudo é as claras,não escondemos nada um do outro. Vivemos de orações e temos como referência à Sagrada Família. Não somos santos,estamos apenas em busca da santidade. Queremos partilhar as nossas experiências.
Mas isso não significa que não houve atrito,mas vivemos do perdão.Sem isto fica difícil de se sustentar. Mas a mulher disse que é muito cedo para uma avaliação mais definida.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Biografia de João Cirilo Correia

Nascido no ano de 1900 no sítio Lagoa Rasa, 2º filho de Cirilo Grude. No início de sua juventude era um jovem que não parecia querer nada da vida. Gostava de festa, tinha harmônica, não quis estudar. Na primeira carta que recebeu da namorada, nem sabia ler nem escrever e nem mandou ninguém ler, daí a sua irmã Antonia que estava na escola passava os ensinamentos que aprendia para ele, daí tornou-se um homem letrado, muito religioso que tinha a Bíblia como um livro de cabeceira.
Muito trabalhador e muito caridoso, cuidava dos doentes da vizinhança, dando o alimento e às vezes tratando dos ferimentos.
Casado com Dulçulina, sua prima que tinha a mesma vocação para
servir. Na cozinha não faltava comida o dia inteiro para quem chegasse. O povo era muito pobre e era sua devoção dá esmola a quem pedisse, todos os dias. Na seca de 1942, um grupo de famintos andava saqueando as pessoas, ele soube e mandou chamá-los, dizendo que na casa dele não precisava agessão, quando quisessem podia vir buscar e levar o que puderem. Ele encheram os sacos, almoçaram, agradeceram e nunca mais retornaram.
Tinha uma visão geográfica e histórica do mundo, mais para isso, ele tinha vários mapas e livros para pesquisas. Foi duas vezes à São Paulo, uma por Fortaleza, à navio em 1928 e outra pelo rio São Francisco, à vapor em 1940, com a intenção de conhecer geograficamente. Era conhecido naquela região como o "pai da pobreza", era muito humilde, capaz de pedir perdão por qualquer coisa. Foi aí que ele escreveu uma belíssima carta, ao seu grande amigo Edvardo Ribeiro, pedindo pelo amor de Deus um chão no cemitério para seu sepultamento, sendo atendido com todo prazer, ainda hoje temos a cópia desta carta.
Morreu no ano de 1964, com 64 anos, deixou sete filhos, seis casados e um solteiro. Passou dois anos sem trabalhar, mais sobrou seiscentas arrobas de algodão e duzentas quartas de arroz. Por isso faz valer o ditado "quem dá aos pobres, empresta a Deus".
Do sobrinho e afilhado que tanto lhe admirava.

Edval Cirilo

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

NOS ANOS DE 1940 ATÉ 1964

Que eu tenho lembranças ir à Crato era uma aventura. Nós que morávamos no Sítio Boqueirão,tínhamos que sair a uma hora da manhã para chegar às 6 horas e retornar às 9 horas para evitar a quentura.
Era à pé ou à cavalo e no percurso tinha muitas moradias que eram pontos de referência,onde havia muitos reencontros de amigos que formavam mais amizade.Alguns pontos de referência: a bodega de Missiano, a casa de Virgilina,de Blandina e Macário, o engenho de Calazans, a casa de Vicente Adeládia e Chico Bentivi,a bodega de Chico Mundinho,a casa de Manuel Leandro, a casa de João Catingueira, a casa dos Saturnos, a de Aprijo na beira do correntinho, os Laborão e daí chegava oa corredor de Mariquinha.Depois se chegava a casa de Marculino e a casa de farinha de Joaquim Batista e ao pé de oiticica,na entrada dos Altos. Em seguida vinha a casa de João Duarte para se chegar à Ponta da Serra.
Chegando em Ponta da Serra era hora de se tomar um cafezinho com pão-de-ló no café de Maria e Violeta.Prosseguindo viagem,se chegava a casa de Pedro Santana e à bodega de Zé Correia,no Juá.Depois vinha os Zaquiés, a morada dos Mané João,dos Pedros e a cajazeira de Raimundo Sabão,para poder chegar àbodega de Derval e ao corredor de Mundoza,após vinha a casa de Antônio Moraes,Seu Roque, Zé Abagaro, a casa de Simina e o rancho de Pastora,a casa de Zé de Emília e a casa de Gumercindo. Em seguida,vinha a cerca de pedra,local de assombrações.No meio da travessia uma venda de cachaça de Maria da Moita. Otrecho mais assombroso era na Lagoinha,onde morreu muita gente em 1914. Daí se chegava no brejo na entrada da bodega de Sebasto,onde ficavam as boleiras, o engenho de Ramiro, a casa de Boeiro, a bodega de Aspício,o engenho de Felipe, depois o de Dr. luiz. Aí se chegava ao corredor do brejo com um longo percurso se chegava ao engenho de Dr. Rolim.
A última parada,era no armazém de João Agostinho,de onde se apreciava a vista parcial do Crato.As principais compras eram:querosene, o sal, o fumo, a rapadura, a farinha e outras coisas que coubessem nos caçuás.Não podia faltar a carne seca, o piqui pra quando chegar fazer com arroz branco.A carne era para assar no espeto e depois passar o espeto melado de gordura por cima do prato e saborear.Essas são algumas das minhas recordações que não podia deixar de registrar.
Edval Cirilo

domingo, 10 de janeiro de 2010

A MAGIA DE SER CRIANÇA

Foi assim comigo até os 10 anos no sítio Lagoa Rasa, a nossa casa era dentro de uma floresta,com direito, as melhores sinfonias de pássaros.As casa mais próximas eram distantes 300 metros e o acesso para chegar era uma vareda,daí chegávamos na casa de minha avó e dos meus dois tios.No terreiro da casa tinha vários tinguizeiros,que era a matéria prima para fazer sabão.Criávamos muitas abelhas que produziam mel para o consumo. Nos arredores,tinha outro tipo de abelha,como a Cupira,munduri, a mandassaia e outros tipos.
No inverno havia vários frutos do mato como a murta, a ameixa, o croatá, etc.
Plantávamos cana, e como era bom nos tempos das moagens que a família ia tirar alfinim, beber garapa, comer bola de rapadura quente. Havia muitas mangueiras,cada uma tinha um nome: a mangueira grande, a cambiteira,a do Padre Assis, etc. Havia as caçadas com armadilhas como a bésta, o batoque, o laço,o quichó, o fôjo e a arataca. As brincadeiras com pião, peteca, cinturão queimado.
O banho no poço do velho Firmino que era uma piscina pública que atraia todos os meninos. E as noites de escuro com histórias assombrosas. E as belas noites de lua clara,onde se contemplava o cruzeiro do sul, com toda sua constelação. E as novenas e a renovação do na casa da minha avó! Com um sobre céu acima do coração de Jesus e a sala toda enfeitada de flor e o aluar de rapadura com muito bolo curriento, os fogos de lágrimas enfeitando o terreiro,minha roupa nova neste dia: calça de suspensórios e camisa balangandã,alpargatas de vaqueta e cabelo repartido.
Para mim só tenho a recordar um tempo de magia,de alegria, de ilusões,mas,que valeu a pena recordar.
O amigo, o pai, o avô
Edval cirilo
A ECOLOGIA NA MINHA JUVENTUDE

Pretendo,nesse momento,falar um pouco do que era a ecologia no meu tempo de jovem(década de 50), quando morávamos no sítio Lagoa Rasa.
Nessa época, a floresta cobria 90% do território e o inverno era mais chuvoso.As enchentes do "riacho do inferno" inundavam a Lagoa Rasa.Milhares de sapos faziam uma belíssima sinfonia com permanência que duravam 15 dias.Ao despertar, era uma grande orquestra de pássaros que tinha como maestro um passarinho chamado Xexéu.Era grande a diversidade de pássaros que habitavam nesta nossa região.
A fartura de mel silvestre era grande.Havia entre várias abelhas,as mais produtivas, o Canudo, a Mandassaia, Cupira,Moça-branca, etc.
A agricultura era toda artesanal as pessoas dependiam dela, pois, não havia outra alternativa.Acolheita era toda manual.Apanhava-se arroz, cacho por cacho, formando uma moqueca entre os dedos.Na colheita era formado um adjunto que era troca do dia de serviço.Era uma festa;matava-se porco e galinha,não podia faltar o queijo.O almoço era servido na roça na palha de arroz.O legume era colocado num grande terreiro,no baixio,onde várias pessoas também colocavam,e era empilhado em forma de pote.
Nessa época, havia muita solidariedade entre as pessoas"a gente era feliz e não sabia",portanto, foi muito bom enquanto durou.
Nos idos de 1948, aos 9 anos de idade, eu, Edval Cirilo, e meu primo Linézio, de 13 anos, atendendo ao convite da professora Leonora, que lecionava no sítio Boqueirão ,filha de Vicente Brígido que trabalhava na feira vendendo farinha.Saímos às 14:hs.Era um lugar muito bonito.Partimos do hospital São Francisco,não tinha mais ruas, era só casa de sítio.
A paisagem era só de mata,pouca terra cultivada com cana-de-açucar e muitas fruteiras.Havia dois engenhos que funcionavam movidos a água e uma casa de força com uma turbina gerando energia para iluminar a cidade do Crato.
Toda essa beleza me impressionou.A casa que nos hospedamos era um grande chalé de palha,dentro de um palmeiral,em frente uma grande levada de água.Tudo era uma terapia na hora de dormir.Foi uma viagem inesquecível!50 anos depois,fiz o mesmo percurso e encontrei muita destruição.Não preservaram as matas, nem os engenhos, nem a água nas nascentes, só encontrei o nome Lameiro.
Assim, deixo registrada essa minha experiência para os meus netos.